segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Culinaria Venezuelana (Marcelo)

A América do Sul é farta. Em manifestações culturais, em temperos e ingredientes. Fala-se muito de Chile, Argentina, México e Peru como destinos turísticos imperdíveis. Mas basta uma olhada no mapa da região para constatar uma ausência e tanto no nosso passaporte. Existe uma Venezuela, sim, um país que reserva diversidade instigante. Na semana em que o país celebrou o 198º aniversário da independência declarada contra os colonizadores espanhois, em 5 de julho, a equipe de Sabores participou de um jantar preparado pela cônsul geral do país no Nordeste, Coromoto Godoy, que recepcionou com dois dos pratos mais típicos da sua terra natal - arepas e bollitos (fala-se bojitos) - e muito rum caribenho. E descobrimos que Brasil e a Venezuela de Simon Bolívar têm muito mais em comum à mesa do que se possa imaginar.

A paisagem é mista. De um lado, a Cordilheira dos Andes, do outro, o litoral caribenho. Contornos naturais distintos, climas, idem. Já na sacola da feira de venezuelanos dos quatro cantos, muitos itens apreciados por aqui em território nacional. O milho é, disparado, a primeira das instituições culinárias de lá. Também celebrada no Nordeste do Brasil, principalmente, onde em época de São João - ponto de culminância da safra - protagoniza receitas salgadas e doces tão obrigatórias nas mesas quanto o pão francês de cada dia.

Lá, no nosso vizinho, a principal forma de consumo do milho é como farinha fina, branca ou amarela, sendo base das populares arepas e dos bollitos. É tão popular que o próprio governo criou empresa para produção do produto, com a finalidade de baratear o preço final. Pobres e ricos comem arepas feitas da mesma marca de farinha de milho, chamada Venezuela Socialista.

Cor também é ingrediente constante na cozinha venezuelana. O pré-preparo de muitos pratos salgados é feito de um refogado à base de pimentão vermelho, alho e cebola. O coentro também está na lista dos condimentos "mais mais". Do consumo de frutas, a laranja local, dizem, é excelente. Não dispensam ainda manga, banana e melancia. Dividem seu apreço por carnes, entre as vermelhas e entre os frutos do mar, tudo em pé de igualdade. Na região oriental do país, uma sopa chamada sancocho, feita de cabeça de peixe e legumes (cenoura, batata-inglesa, além de banana verde) cozida por cinco horas, é iguaria, bem como um bom churrasco acompanhado de mandioca cozida. Arepa, um capítulo à parte
A variedade culinária é grande, mas o emblema da Venezuela é mesmo a arepa. Os bolinhos fritos ou grelhados são crocantes por fora, têm recheios diversos, são a base do café da manhã e dos lanches. Sua versão cozida em água, e em formato semelhante ao quibe, é o bollito.

Tem forma achatada circular e cerca de dez a vinte centímetros de diâmetro. É um prato tradicional também no Panamá e Porto Rico. Conseguiu uma dispersão significativa nas Ilhas Canárias, consequência do regresso de imigrantes provenientes da Venezuela. Nestas regiões, é utilizada para acompanhar outros pratos, como o pão. Além de sozinha, também é costume comê-la recheada. Sua preparação remonta aos antepassados indígenas que plantavam, colhiam e processavam o milho. Moíam-no entre duas pedras - uma lisa e outra plana - e, em seguida, criavam pequenas bolas que assavam em um "aripo" (espécie de placa de argila com leve curvatura, que é utilizada para cozinhar), daí a derivação da palavra arepa.

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